segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Crítica do filme: “Terror em Silent Hill (2006)”

Crítica do filme terror em Silent Hill de 2006 feita pelo trilha dos contos

Título Original: Silent Hill
Diretor: Christophe Gans
Roteiristas: Roger Avary, Christophe Gans, Nicolas Boukhrief
Produção: Samuel Hadida, Don Carmody
Trilha sonora: Jeff Danna, Akira Yamaoka
Data de lançamento: 18 de agosto de 2006 (Brasil)
Duração: 125 min.
Gêneros: terror
Elenco: Radha Mitchell (Rose), Sean Bean (Christopher), Jodelle Ferland (Sharon / Alessa Gillespie), Laurie Holden (Cybil Bennett), Deborah Kara Unger (Dahlia Gillespie), Alice Krige (Christabella), Kim Coates (Policial Thomas Gucci), Tanya Allen  (Anna), Colleen Williams (Arquivista), Ron Gabriel (Mecânico), Eve Crawford (Irmã Margaret)
 


Nota: 1,5/5

 

Sinopse 

        Rose da Silva (Radha Mitchell) é uma mulher atormentada, já que sua filha Sharon (Jodelle Fernand) está morrendo de uma doença fatal. Contrariando seu marido, Rose decide levá-la a uma cidade que Sharon sempre menciona em seus sonhos quando está sonâmbula. No caminho Rose sofre um acidente de carro, acordando sem sua filha e agora precisa encontrá-la na cidade deserta de Silent Hill. É quando Rose descobre que a aparente cidade deserta é na verdade habitada por criaturas demoníacas...

Crítica do filme terror em Silent Hill de 2006 feita pelo trilha dos contos

Sem Spoiler

        É muito complicado falar sobre filmes baseados em jogos. Primeiro, porque nem tudo que esta no jogo poderá ser usado em tela. E segundo, o filme tem que ser feito para agradar gregos e troianos. Nessa questão de agradar, muitas vezes explicações que faltam a trama são deixadas de lado para ter mais cenas emocionantes e impactantes. E eis onde mora o problema do Terror em Silent Hill.

        Quem nunca jogou o primeiro jogo (sim, o do playstation 1) ou quem jogou mais nunca prestou atenção na história, se contentará com o enredo desse filme, O problema é que eu joguei o jogo e conheço bem a história... A falta de profundidade do enredo, a mistura de monstros sem explicação, a troca de personagens somente por gosto, e a conveniência da trama são alguns dos pontos que mais me incomodam.

        Depois de finalizar o primeiro jogo da franquia uma vez, conclui que: _“Esse jogo possui diversos finais, mas se você jogou ele conscientemente só conseguira voltar a jogar depois de um ano”

        Bem, eu não senti esse sentimento com o filme. Na realidade tem outras obras que me passam esse sentimento, mas sinto que Terror em Silent Hill desperdiçou a oportunidade de ser referência em filmes de terror.

        É uma pena, de melhor jogo de terror do playstation 1 passou para as telas como um simples filme mediano...

 

Com Spoiler

        É importante frisar que eu não consigo falar desse filme sem explicar os conceito básicos do game. Por isso, já peço desculpas de antemão por que entrarei em detalhes do jogo e eventualmente farei comparações.


Primeiro ponto

        Foi muito interessante jogar o Silent Hill para playstation 1, ainda era pré adolescente e como não sabia inglês e ainda não tinham saído os forks com a legenda em português ou dublado, jogava junto com o meu primo. Hora ele jogava e eu traduzia, hora o oposto. O jogo era impressionante e por conta da tradução forçada conseguimos entender melhor a história, o que de certa forma aumentava o impacto que a narrativa poderia causar em nós.

        Bem, quão surpresa eu fiquei quando anos mais tarde assisti um filme que era nada mais que um remake do jogo, e quão chateada eu fiquei quando conheci o novo personagem principal. Me causou muita estranheza. Sabe quando você sente que algo está errado e não sabe o porque? Então, até hoje eu não consigo assistir esse filme sem me sentir assim, e quando descobri o porque trocaram o Harry pela Rose...

“Rapidamente ficou claro, no entanto, Harry nunca agiu como um personagem masculino. Ele estava constantemente tonto, desmaiando, falando sozinho, gritando e na verdade estava muito vulnerável. Nós não queríamos trair a natureza do jogo, alterando os sentimentos e motivações do personagem, então sentimos que era melhor mudar para uma protagonista feminina e manter todas essas qualidades importantes. Eu não quero que as pessoas pensem que eu tenho sido "politicamente correto" porque nós mudamos Harry para Rose. Não há politicamente correto em Silent Hill."
—Christophe Gans

        E ai, você consegue ver algum problema nessa explicação?

        Quem já jogou sabe... É muito mais fácil estranhar aqueles polígonos se mexendo do que estranhar um pai que está tentando salvar sua filha no inferno, e que movimentação de m*...

        Não quero entrar em detalhes sobre o que eu acho dessa explicação nada preconceituosa desse querido e maravilhoso diretor, já que poderia dar um texto extenso de mais pra esse post.

 

Segundo ponto

        A lógica dos jogos (menos daquele em que a Sharon é adolescente) sempre foi espelhar os sentimentos ruins dos personagens com a ambientação em Silent Hill. O primeiro game que fala de Alessa espelhava os medos dela e toda sua trajetória de vida que foi bem dramática diga-se de passagem, e quanto mais você se aproximava da Alessa mais se aproximava de Samael. Em outras palavras, o jogo ficava mais obscuro porque você estava se aproximando do demônio. Então não faz sentido a mistura de monstros que o diretor faz no filme. O cabeça de pirâmide por exemplo, nada mais é que um executor que punia o personagem do segundo jogo matando, e estuprando outros monstros e até mesmo o personagem principal se você não corresse o suficiente pra fugir dele. Sim, o cabeça de pirâmide supria os desejos masoquistas do personagem James Sunderland. Não faz sentido que ele esteja no filme, já que a narrativa é sobre o primeiro jogo e estamos no inferno de uma criança.   

Crítica do filme terror em Silent Hill de 2006 feita pelo trilha dos contos

Terceiro ponto 

        No jogo, Alessa é filha de Dalia Gilesppe, que é cabeça do culto e prepara todo ritual para queimar sua filha. Então, porque fizeram duas personagens no filme? A mãe louca e boazinha, e a tia má que é a cabeça do culto.

        Alguém pode dizer que ficaria pesado de mais para um filme, mas depois de colocar na narrativa uma criança estuprada, queimada e oferecida para um demônio, alguém acha mesmo que uma mãe má seria muito pesado?

Crítica do filme terror em Silent Hill de 2006 feita pelo trilha dos contos
        Finalizando, eu tenho certeza que não dá para usar 100% do jogo em um filme, simplesmente porque são mídias diferentes. Os furos que eventualmente deixaríamos passar em um jogo, provavelmente não conseguiríamos aceita-los em um filme. Isso vale pra qualquer obra, inclusive as baseadas em livros. O problema de Silent Hill, é que tudo o que funcionava no game foi jogado no lixo. Pra quem é mais saudosista será empolgante ver o cabeça de pirâmide em ação ou ver o mundo se modificando a cada som de emergência, mas eu não joguei o jogo esperando ação. Eu esperava uma história boa e significativa de terror, e isso eu não tive no filme. Se o filme fosse inspirado em Silent Hill a minha nota seria diferente, mas como remake é impossível não buscar a mesma atmosfera que eu tive no jogo. E também tem o fator Rose, que piorou 10x mais depois da explicação maravilhosa do diretor...
Crítica do filme terror em Silent Hill de 2006 feita pelo trilha dos contos
        Mas dá pra assistir o filme e se divertir? Sim, se você não pensar no jogo, não buscar significados mais profundos e fingir que o diretor não existe... O CGI é geralmente bom com efeitos razoáveis e chocam (no bom sentido) quando precisam, mas o filme é raso. Uma coisa boa que o diretor fez, foi manter as pessoas do culto em Silent Hill ainda vivas e protegidas na igreja. Esse detalhe da um significado a mais na parte da sinopse: “É quando Rose descobre que a aparente cidade deserta é na verdade habitada por criaturas demoníacas...”

 

Veja também → Crítica do livro: “O visitante Inesperado”

 

 

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