segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Crítica do filme: “Quem viu, quem matou... (1961)”

crítica do filme quem viu quem matou de 1961, realizada pela trilha dos contosTítulo Original: Murder She Said

Diretor: George Pollock

Adaptação de: 4.50 from Paddington de Agatha Christie, traduzido no Brasil como “A Testemunha Ocular do Crime”

Adaptado por: David D. Osborn

Roteirista: David Pursall

Trilha sonora: Ron Goodwin

Data de lançamento: 26 de setembro de 1961 (Reino Unido)

Duração: 86 min.

Gêneros: Comédia, Crime, Drama, Policial

Elenco: Margaret Rutherford (Miss Marple), Stringer Davis (Sr. Stringer), Charles 'Bud' Tingwell (Inspetor Craddock), Conrad Phillips (Harold Craddock), Ronald Howard (Brian Eastley), Arthur Kennedy (Dr. Quimper), Muriel Pavlow (Emma Ackenthorpe), James Robertson Justice (Luther Ackenthorpe), Thorley Walters (Cedric Ackenthorpe), Joan Hickson (Mrs. Kidder), Ronnie Raymond (Alexander Eastley), Gerald Cross (Albert Ackenthorpe), Michael Golden (Hillman), Barbara Leake (Mrs. Hilda Stainton), Gordon Harris (Sargento Bacon), Peter Butterworth (Bilheteiro), Richard Briers (Mrs. Binster), Lucy Griffiths (Lucy).

 

Nota: 4/5


Sinopse

        Quando Miss Jane Marple relata ter testemunhado um assassinato pela janela de um trem que passava, a polícia a descartou como uma solteirona maluca quando nenhum vestígio do crime foi encontrado. Desacreditada pela polícia e decidida a desvendar o crime, Miss Marple começa suas próprias investigações.

crítica do filme quem viu quem matou de 1961, realizada pela trilha dos contos
"Inspetor: _Tem outros empregados além do jardineiro?
Miss maple: _Tem sim senhor inspetor.
Inspetor: _Mas... Você?
Miss maple: É... A velha tantã."

        Primeiramente, temos que entender que nem sempre a adaptação feita para o cinema levará a alma da obra original, mas ao mesmo tempo isso não significa que a mesma ficará ruim. Dito isso, "Quem viu, quem matou..." é uma adaptação que foge muito da obra original.

        Nos livros, Miss Marple usa a convivência que tem com as pessoas do pequeno vilarejo em que mora para aclarar os crimes, entendendo que as pessoas não tem tantas diferenças assim mesmo mudando a nacionalidade, status social, sexo, etc. Ela consegue resolver os casos sem sair de casa, ela pede ajuda se precisar de algo e isso é fundamental para nos sentirmos mais próximos da personagem. Usando de psicologia ela entende, percebe, sinaliza e conclui os casos sem se quer sair do lugar. Quando entendemos isso, percebemos o quanto a personagem de Margaret Rutherford está longe de ser uma Miss Marple. Essa Miss Marple sobe em muros, se disfarça, se infiltra na casa do inimigo, abusa da própria sorte e até participou do campeonato de golfe de senhoras em 1921... Não que isso seja ruim, mas está longe da proposta do livro.

        Por ter identidade própria e não ser fiel ao livro, temos que olha-la como uma obra independente. E quando começamos a fazer isso percebemos que o filme é bom e divertido, com uma comédia inteligente que usa  de muito sarcasmo misturado com drama/crime como uma forma de auxiliar no andamento da história. 

        A Miss Marple aqui é debochada e cínica, e é um cinismo que os personagens secundários merecem. Sempre tentando subjuga-la como uma velha fuxiqueira, mas na realidade eles tem medo de que alguém descubra os seus segredos ou simplesmente sentem raiva da personagem principal gratuitamente.

crítica do filme quem viu quem matou de 1961, realizada pela trilha dos contos
        Pausa para a expressão da Miss Marple e o Sr. Stringer, escutando o Inspetor Craddock falar como é perigoso uma senhora idosa continuar no caso de assassinato que ele mesmo desmereceu...

"Miss Marple: _Muito bem eu dou o meu aviso amanhã... É um mês de aviso, sabe? Quer uma cervejinha inspetor?"

        A trilha sonora é divertida e maravilhosa. Além de fazer um conjunto perfeito com a história, é empolgante e depois que você assisti ao filme esse som não sai mais da cabeça.

        Outro ponto que me surpreendeu, foi ver a atriz Joan Hickson (Mrs. Kidder) fazendo um papel secundário. Mais de 20 anos depois ela voltaria a atuar em uma adaptação da mesma história, mas mais fiel ao livro e fazendo a personagem principal (Miss Marple).

crítica do filme quem viu quem matou de 1961, realizada pela trilha dos contos

        Esse filme é o primeiro de uma coleção de quatro filmes: Quem Viu, Quem Matou... (1961) - Murder She Said, Sherlock de Saias (1963) - Murder at the Gallop, Crime Sobre Crime  (1964) - Murder Most Foul e Crime a Bordo (1964) - Murder Ahoy. Além dos quatro filmes, Margaret Rutherford (Miss Marple) e Stringer Davis (Sr. Stringer), fizeram uma pequena participação no filme Os Crimes do Alfabeto (1965). Falarei deles em postagens futuras.

crítica do filme quem viu quem matou de 1961, realizada pela trilha dos contos
        Finalizando, não vejo esse filme como uma adaptação, mesmo usando tantos elementos da história original. Esta mais para uma inspiração. Vendo dessa forma a obra se torna divertida e empolgante. 

        Consigo entender o porque Agatha Christie não gostou, mas isso não torna o filme ruim. Tem elementos na história que nem existem nos livros, como Sr. Stringer por exemplo. Mas, é legal entender o porque da existência do personagem. Um marido que cria um novo personagem para atuar com a sua esposa, isso não parece fofo?

        Mesmo sendo tão diferente, vale a pena dar uma olhada e se divertir com essa adaptação. 



Veja também → Crítica da série: “HIStory: Obsessed (2017)”

        

 

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