domingo, 9 de maio de 2021

Conto: "Déjà vu"

Imagem de uma porta entreaberta que é parte essencial do conto déjà vu.
        Ana acabara de acordar. Seus olhos inchados e uma leve dor de cabeça demonstravam o quanto ela havia dormido. Ao esfrega-los, os mesmos se mostravam doloridos e ressecados, frutos das areias de Morfeu. 

        Percebendo a luz que entrava pela janela, transpareceu a expressão de dor procedida pelos sorrisos ao pensar na mãe:

        _Ela já deve ter feito o bolo.

        A sala era pequena, mas aconchegante. A menina dormia sobre as almofadas que estavam jogadas sobre um tapete no chão. Atrás de si, havia uma grande janela, e a frente uma porta de madeira maciça que levava ao saguão principal e respectivamente as escadas, a porta da cozinha e a entrada da casa. Não havia nada diferente do normal, um dia quente e ensolarado e uma grande casa silenciosa.

        “Silenciosa”, ela pensou. “Mas mamãe deveria fazer algum barulho, afinal ela estava na cozinha.”

        Ana se levanta e anda até o saguão. Chegando a porta da cozinha, percebe que a mãe não está lá, e que não há indícios de que a mesma estivesse cozinhando um bolo. O vento entra pela janela lhe causando calafrios que sobem até o fim da espinha. Ainda no saguão, ela olha para a escada e sente um cheiro estranho. Faz ela ter um breve déjà vu,mas a lembrança se desvanece. Ela respira fundo e pensa: Sou uma menina  grande, não tem porque ter medo. Com toda a coragem a menina começa subir degrau por degrau. Em certo momento ela se assusta, mas passa rápido ao perceber que um dos degraus estava rangendo e fazendo um barulho estranho. Chegando ao primeira andar da casa, logo a frente da escada está o quarto de seus pais. A porta esta entre aberta, mas já é possível perceber a escuridão que lá paira. A luz tem dificuldade de transpassar a cortina, mesmo assim é possível perceber algo pendendo no meio do quarto. A menina toma coragem e chama:

        _Mamãe?      

        Sem resposta ela tenta abrir a porta. A cena era tão aterradora que a fez grit... 

        Em um instante ela lembrou do “déjà vu” que havia tido no saguão. Seus olhos cheios de água enxergando por uma sacola borrada pela sua própria respiração, mas não da tempo. Agora são dois corpos pendendo no quarto e em um piscar de olhos ela volta a acordar na sala a espera de seu bolo e sem lembrar de nada...





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